O Globo
OPINIÃO
Depor armas
Diante da recusa das Farc a aceder a qualquer princípio humanitário, a missão médica enviada pela França à Colômbia na esperança da libertação da ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt - debilitada e com a vida em risco - voltou de mãos vazias. Esse fato só confirma o caráter criminoso e cruel da narcoguerrilha, criada em 1964 com o objetivo de tomar o poder pela luta armada, na Colômbia, mas que, com o passar do tempo, se tornou uma organização criminosa, financiada por tráfico de drogas, seqüestros e extorsão. As recentes libertações de alguns reféns, depois de uma mediação interessada de Hugo Chávez, e as cartas que eles trouxeram do cativeiro expuseram as condições subumanas em que as Farc mantêm essas pessoas, que superam o número de 700. São com esses escudos humanos que as Farc conservam as tropas colombianas a uma distância segura. Uma operação para libertar os reféns resultaria num banho de sangue. O governo brasileiro tem sido tímido diante da crise colombiana. Mais de uma vez, o presidente Lula disse que só adotaria alguma providência a pedido do presidente colombiano, Alvaro Uribe. Apenas na terça-feira, depois de uma solicitação de um filho de Ingrid, Brasília emitiu uma nota pela libertação de todos os seqüestrados, em troca de anistia para os guerrilheiros presos na Colômbia. Os conhecidos vínculos ideológicos de petistas com as Farc não podem servir de pretexto para tolher a atuação do Estado brasileiro, já que não há justificativa sensata para alguém apoiar aquela organização. Um dos impasses da situação colombiana é a recusa do presidente Uribe a desmilitarizar áreas do país para um diálogo com a narcoguerrilha, experiência que não deu resultado no governo anterior, de Andrés Pastrana. Recentemente, a força sofreu derrotas militares e perdeu líderes importantes. A situação dramática de Ingrid ajuda a degradar ainda mais a imagem das Farc. Nesse contexto, não tem sentido a posição defendida por Chávez de que a milícia seja reconhecida como uma força política insurgente. Se as Farc querem dialogar, que libertem os reféns, deponham as armas e entreguem à Justiça os culpados por crimes. O que não se deve perder de vista é que o governo democrático da Colômbia luta contra uma insurgência interna que perdeu legitimidade, se é que já a teve. E é acossado, ao norte (Venezuela) e ao sul (Equador), por projetos políticos aventureiros e desestabilizadores. Precisa, portanto, de apoio das forças democráticas do continente.
O Globo
Brasil: 59º em tecnologia da informação
Ensino fraco e leis rígidas fazem país cair seis posições em lista de 127
Danielle Nogueira
A baixa qualidade do ensino e o ambiente regulatório engessado ofuscaram o avanço brasileiro no acesso à internet e ao celular no ano passado. Segundo o Relatório Global de Tecnologia da Informação do Fórum Econômico Mundial, o Brasil ficou em 59º lugar no ranking de 2007/2008, que mediu indicadores tecnológicos de 127 países. Em 2006/2007, estava em 53º lugar. A queda de seis posições seria reduzida a três, se novos países não tivessem ingressado na lista. Das cinco nações que foram incluídas no relatório, três - Porto Rico, Arábia Saudita e Omã - estrearam na frente do Brasil. Ainda assim, a queda é considerável se comparada, por exemplo, à Coréia do Sul, que saltou dez posições. Na América Latina, quatro países estão em situação melhor que a do Brasil. Dinamarca manteve a liderança e Chade, o último lugar. Curiosamente, o diferencial coreano foi o que mais puxou o Brasil para baixo. O país asiático galgou posições devido, entre outros fatores, à boa qualidade do ensino universitário. O Brasil, se o sistema de ensino fosse o único quesito aferido, estaria no 117º lugar no ranking. - Embora o Brasil tenha avançado muito em termos de uso e preparo de tecnologia da comunicação e da informação (TCI), mostrando que a TCI é uma prioridade da agenda nacional, o mercado ainda sofre com a regulamentação excessiva, a baixa qualidade do sistema educacional e poucos investimentos em pesquisa e desenvolvimento - afirma Irene Mira, co-editora do relatório. Na opinião de Claudio Frischtak, presidente da InterB Consultoria Internacional de Negócios, a rigidez regulatória limita a competição no país, elevando o preço dos serviços de tecnologia e, conseqüentemente, limitando o acesso: - A competição limitada aliada à baixa escolaridade nos impede de transitar para uma economia de conhecimento.
sexta-feira, abril 11, 2008
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