O Estado de São Paulo
Correa afasta ministro e militares renunciam
Demissões são resposta a declaração do presidente equatoriano que vinculou comandantes à CIA
O presidente do Equador, Rafael Correa, destituiu ontem o ministro da Defesa, Wellington Sandoval, após denunciar a infiltração da CIA (serviço secreto dos EUA) nas agências de inteligência equatorianas, em meio à tensão diplomática com a Colômbia. Logo após o anúncio da destituição, a imprensa equatoriana informou que três membros da cúpula militar pediram afastamento: o chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas, general Héctor Camacho, o comandante da Força Aérea, Jorge Gabela, e o comandante do Exército, general Guillermo Vásconez. “Sinto, como chefe do Exército, que não existe confiança em quem está no comando da instituição”, afirmou o general Vásconez.Correa também destituiu o chefe da polícia, general Bolívar Cisneros, e escolheu para o posto o general Jaime Quilino Hurtado Vaca. No fim da tarde, o presidente equatoriano nomeou seu assessor particular, o jornalista Javier Ponce, para substituir Sandoval na pasta da Defesa. Em cerimônia no palácio presidencial, em Quito, o novo ministro prometeu total transparência nas ações das Forças Armadas para garantir a segurança do país.CRISEAs tensões entre Correa e as Forças Armadas vieram à tona quando o presidente criticou o modo como os militares lidaram com a crise com Bogotá, aberta após forças colombianas invadirem o território equatoriano para atacar rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). A operação, ocorrida em 1º de março, deixou 25 mortos, entre eles o número 2 da guerrilha, Raúl Reyes. Na quinta-feira, Correa já havia destituído o coronel Mario Pazmiño da chefia de inteligência do Exército, sob a acusação de ter omitido informações sobre o equatoriano Franklin Aisalla - um dos mortos na ofensiva colombiana de 1º de março contra as Farc. Segundo Correa, a inteligência equatoriana estava servindo à CIA e a Bogotá, que soube antes de Quito sobre a suposta relação entre Aisalla e Raúl Reyes.Na terça-feira, a crise entre Correa e os militares se agravou, depois que comandantes das Forças Armadas requisitaram um encontro com o presidente para discutir as críticas e “evitar colocar em risco a segurança do país”.De acordo com autoridades colombianas, informações encontradas no computador que pertencia a Reyes, apreendido durante a ofensiva, indicam que o líder guerrilheiro já havia alertado para a existência de vínculos entre ministros equatorianos, a CIA e a agência antidrogas dos Estados Unidos, a DEA.
O Globo
STF impede PF de fazer operação em Roraima
Ministros acataram por unanimidade pedido de liminar do governo estadual, que alegou risco de guerra civil
Carolina Brígido e Evandro Éboli *
BRASÍLIA e BOA VISTA. O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu ontem a operação da Polícia Federal que retiraria produtores rurais e grileiros da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. A decisão foi tomada por unanimidade, no julgamento de um pedido de liminar feito pelo governo do estado. A decisão foi comemorada com carreata em Boa Vista. Na ação, o governo alegou ser tensa a situação no local e, por isso, a operação poderia desencadear uma espécie de "guerra civil". Durante a sessão de ontem no tribunal, o relator do caso, ministro Carlos Ayres Britto, lembrou que a região é próxima da fronteira brasileira e deve ser tratada como estratégica. - A matéria tem cunho suprapatrimonial, revela o interesse não só de particulares. Diante da premência do caso e do estado, que parece mesmo de conflagração, eu estou deferindo (o pedido) - disse o ministro. Os demais ministros apenas concordaram com o relator. A desocupação da reserva ficará suspensa até que sejam julgadas pelo STF ações que questionam a demarcação da área indígena. Não há data marcada. Na ação, o governo de Roraima alega que a retirada de não-índios da reserva afetaria pelo menos 6% da economia do estado e ressaltou que essas pessoas não ocupam mais que 1% da área demarcada, que abrange 46% do território do estado. "Decisão evitou muitas mortes", diz governador Após a decisão, houve um ato em frente ao Palácio do Governo em Boa Vista e depois uma carreata, com vários caminhões carregados de arroz. Grandes rizicultores que têm fazendas na reserva participaram do ato, exceto Paulo César Quartiero. A presença dos cerca de cem manifestantes em frente ao palácio estava prevista desde a manhã, mas seria um gesto de protesto contra o governador José Anchieta (PSDB). Parte dos arrozeiros e funcionários das fazendas o acusa de agir com passividade e não enfrentar o governo federal. Mas, com a decisão do STF, o que era protesto virou comemoração. Em entrevista, ontem, o governador disse que, se a operação ocorresse, haveria muitas mortes, resultado do embate entre agentes da Polícia Federal com os índios e não-índios que resistem à homologação contínua. - Os arrozeiros jamais sairiam pacificamente daquelas terras. Seria traumático. A decisão do STF evitou muitas mortes, com certeza - disse José Anchieta. Várias faixas protestavam contra a presença da Polícia Federal. "Polícia é para matador, não para trabalhador", dizia uma delas. Antes da decisão do Supremo, a Superintendência da Polícia Federal em Roraima já havia decidido dar uma trégua e fechado um acordo com os arrozeiros. A PF aceitou dar um prazo, até a próxima segunda-feira, para que houvesse uma solução pacífica. A possibilidade de um embate com os que se recusam a sair de Raposa preocupava a Polícia Federal e o Palácio do Planalto. O ministro da Justiça, Tarso Genro, chegou a suspender uma viagem para o exterior esta semana para acompanhar o desfecho da negociação. O superintendente da PF no estado, José Maria Fonseca, disse que era a favor de uma saída não violenta e negou que o órgão tenha recuado ao aceitar acordo com os arrozeiros. (*) Enviado especial
sexta-feira, abril 11, 2008
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