segunda-feira, outubro 02, 2006


Corumbá é um município brasileiro do estado de Mato Grosso do Sul.

Corumbá é conhecida como cidade branca pela cor clara de sua terra. O apelido capital do pantanal denota a importância de Corumbá, que é a principal e mais importante zona urbana da região alagada. A cidade estende-se por dois níveis: perto do porto, na parte baixa, ergue-se o casario antigo, de notável valor arquitetônico; a cidade alta, mais nova e bem maior, apresenta a forma de tabuleiro de xadrez. Do
ponto de vista urbanístico, não tem nenhuma semelhança com as antigas cidades brasileiras, onde predominam o romântico estilo colonial português. Sua arquitetura é baseada no neoclássico italiano, sendo o mesmo estilo existente na parte central de Assunção, nos subúrbios antigos de Buenos Aires, nas cidades do interior do Uruguai e a maioria das cidades gaúchas da Campanha. Em razão disso, tinha (e tem) características de uma cidade platina dentro do Brasil.

Por se localizar na fronteira com a Bolívia, pode se conhecer cidades vizinhas como Puerto Suarez e Puerto Quijarro, que contam com uma Zona Franca para compras de produtos importados e artesanato boliviano. Curiosidade: dentro do território de Corumbá está localizado o município de Ladário. Juntas, as duas somam 117.669 habitantes.
Chamada inicialmente como Vila de Nossa Senhora da Conceição de Albuquerque, o povoado se ergueu um pouco mais para o sul e por alguns anos foi um simples destacamento militar e transformou-se lentamente em povoado. Atraído pela existência de pedras e metais preciosos (que eram usados por indígenas, que já povoavam a região, como adornos), o português Aleixo Garcia, em 1524, acabou sendo o primeiro a visitar o território, que alcançou o rio Paraguai através do Rio Miranda, atingindo a região onde hoje está a cidade de Corumbá. Nos anos de 1537 e 1538, o
espanhol Juan Ayolas e seu acompanhante Domingos Martínez de Irala seguiram pelo rio Paraguai e denominaram Puerto de los Reyes à lagoa Gayva. Por volta de 1542-1543, Álvaro Nunes Cabeza de Vaca (espanhol e aventureiro) também passou por aqui para seguir para o Peru. Também passou por aqui o então governador de Assunção (capital do Paraguai), Domingos Martinez de Irala, que em marcha foi até os Andes.

No século XVIII, visando a um tratado de limites existente, foi fundado pelos espanhóis em 1774 um povoado na foz de Ipané. Em 13 de setembro de 1775 foi oficialmente fundado o Forte Coimbra para a defesa da região. Em 21 de setembro de 1778, efetuou-se a ocupação do local onde se localiza atualmente Corumbá. Nessa mesma data, a mando do Governador da Capitania de Mato Grosso (o Capitão-General Luiz de Albuquerque), o sargento-mor Marcelino Rois Camponês, que comandava uma expedição militar, adquiriu a posse da região para a Coroa Portuguesa, fundando o local e batizando-o com o nome de Nossa Senhora da Conceição de Albuquerque, sendo então lavrado o termo de fundação.

Município
Em 1800, um incêndio destruiu todo o arraial. Este foi tão violento que poupou apenas uma capelinha de telha (a única que havia). Seu crescimento até essa destruição deixou muito a desejar, pois por um longo tempo era apenas um posto militar. Em conseqüência desse lento progresso, apenas em 26 de agosto de 1838, pela lei provincial, foi elevada à categoria de freguesia. Assustado com o grande desenvolvimento em 1859, em razão da navegação comercial, o Presidente da Província Almirante Joaquim Raimundo de Lamare, riscou e demarcou as ruas, praças e edifícios públicos de Corumbá. Com o rápido progresso, no dia 1º de maio de 1861, foi instalada a Alfândega de Albuquerque para arrecadar impostos. No dia 6 de julho de
1862, por decreto nº 6 do presidente da província Herculano Ferreira Pena é criado o município de Corumbá. Com a invasão em Corumbá (que foi de 1864 á 1867) das tropas do ditador Francisco Solano Lopes, o progresso foi temporariamente bloqueado. No dia 13 de Junho de 1867 (dia consagrado a Santo Antônio), sob o comando do tenente coronel Antônio Maria Coelho, bravos homens brasileiros derrotaram o inimigo e tomaram novamente posse das terras, que até aquele momento, estava sob o domínio paraguaio. Corumbá estava reduzindo a ruínas em 1870.

Cidade
Em 7 de outubro de 1871, com o crescimento retomado, é elevada à categoria de vila. A comarca de Corumbá foi criada por Lei Provincial nº 1 de 10 de junho de 1873 (declarada de segunda estância) e instalada em 19 de fevereiro de 1874. Em 1877, Corumbá dispunha de três praças, dez ruas retas e sua população era de aproximadamente 6 mil habitantes. Em 15 de novembro de 1878, pela lei nº 525, é elevada à categoria de cidade. Já no fim do século XIX, o porto fluvial de Corumbá era o terceiro maior da América Latina e movimentava pelos vapores da rota Europa/Brasil o comércio de peles, charques e outras riquezas da região. Em 1914 possuia quinze mil habitantes e cortada por largas ruas retas e perpendiculares ao rio. Faltava apenas a arborização simétrica para embelezar as avenidas e dar um aspecto de uma metrópole para a época. Getúlio Vargas, antes de ser presidente do Brasil, serviu até a patente de cabo, em 1903. Nessa época Corumbá dividia-se em duas partes:

Parte alta: estava situada sobre a elevação calcária (onde se localizavam casas de bazar, bijuterias, relojoarias, bebidas, modas, drogarias, farmácias, livrarias e papelarias, enfim, o comércio retalhista e a varejo. Encontravam-se também imponentes prédios como a Escola Estadual, o quartel do 13° Distrito Militar, a Sociedade Beneficente Italiana, a Intendência Municipal, o Correio, Telégrafo, Quartéis, a bela Igreja e a Escola dos Padres Salesianos, entre outros;
Parte baixa: estava situada embaixo da elevação calcária e se comunicava através de duas ladeiras, com uma elevação de mais ou menos 60 metros (esta parte que estava em contato com as águas do rio é o Porto Geral, e era aí que estavam o alto comércio e onde existiam as casas maioristas de importadores e exportadores. Também haviam importantes edifícios públicos e comerciais que se elevavam até três andares, como a Alfândega, a Mesa de Rendas do Estado, o Prédio Wanderley Baís & Cia., o Prédio Vasquez e Filhos e outros).

Corumbá estava em contínuo progresso, devido ao elemento estrangeiro de que era composta a maioria de sua população (italianos, árabes, libaneses, argentinos, paraguaios, entre outros). Seu porto era atracado por embarcações nacionais e estrangeiras de grande calado. Essas embarcações traziam grandes carregamentos de mercadorias destinadas ao mercado local, além de outras localidades do estado, além do oriente da Bolívia. Em contrapartida levavam produtos de exportação (borracha, couros, charque, ipecacuanha (planta medicinal), entre outros).

Declínio
Ocultando às vistas dos visitantes, quando chegavam do Rio da Prata, pelas voltas do rio, surpreendia o belo aspecto que se descortinava à entrada do porto da cidade. Da época de prosperidade, Corumbá guarda muitos registros históricos na forma de seus belos casarões e sobrados de estilo único que testemunham a importância da cidade no processo de colonização da fronteira oeste do Brasil. A cidade seguiu tendo apenas o Rio Paraguai como único meio de locomoção da cidade com outras regiões até a primeira metade do século XX. A partir de 1950, a cidade seria afetada negativamente com a chegada da antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (privatizada em meados da década de 1990 à Ferrovia Novoeste S.A., atualmente pertence à América Latina Logística S.A.) o que enfraqueceu a economia local e significou o fim do comércio fluvial. Em 1986 a rodovia que liga Corumbá á Campo Grande (BR-262) foi pavimentada pelos militares. A partir de 1990, a concorrência desleal com o mercado boliviano afetou muito o comércio local, fazendo muitos comerciantes a mudarem de ramo. O comércio de importados, que adentrava o país via fronteira com a Bolívia, atraiu muitos sacoleiros e consumidores. A cada dia que passa o turismo e a pesca se transforma na fonte de renda e empregos da região de Corumbá.

Território
Topônimo
A etimologia do topônimo Corumbá origina-se provavelmente no tupi kuru'mba, que significa "banco de cascalho", Antenor Nascentes de facto confirma que o termo tupi ku'ru tem a acepção de "seixo" e argumento que não se encontra a explicação para o sufixo "'mba".

Fuso horário
O fuso horário é de menos uma hora com relação a Brasília e de menos quatro horas ao Tempo Universal Coordenado.

Localização
Corumbá localiza-se na região do Pantanal sulmatogrossense e próxima da fronteira com a Bolívia, á beira do rio Paraguai. O município é também ponto de parada da ligação ferroviária entre o Brasil e a Bolívia, sendo a última cidade brasileira antes do território boliviano, do qual se separa por fronteira seca.

Economia
As principais atividades econômicas são a pecuária (com o maior rebanho bovino do estado), a mineração, a pesca e o turismo. Historicamente já foi bem mais importante que hoje. Possuia o terceiro maior porto da América Latina, além de já ter sido também o principal e mais importante centro comercial da região Centro-Oeste. A cidade é considerada o embrião do Mercosul, pois foi a primeira a manter relações comerciais com países vizinhos, em especial Paraguai e Argentina.

Hidrografia
Pertence a bacia do prata, sub bacia do Paraguai. Seus principais rios são o Paraguai e o Taquari.

Clima
Tropical úmido, com chuvas de novembro a abril e seca de maio a outubro. Chove em média 100 dias por ano. Os meses de verão são extremamente quentes e os meses de inverno podem se caracterizar por muito frio. Curiosidades:

A temperatura mais baixa registrada na cidade foi de 1.4ºC em julho de 1975;
A temperatura mais alta da cidade até hoje foi de 40.5ºC registrada em outubro de 1987;
A maior precipitação em 24 horas foi registrada em janeiro de 1987 e atingiu 144.9 mm.
Divisão territorial
Bairros
Relação dos vinte bairros:
1-Aeroporto
2-Artur Marinho
3-Beira-Rio
4-Centro
5-Centro-América
6-Cervejaria
7-Cristo Redentor
8-Dom Bosco
9-Generoso Ponce
10-Guarani
11-Guatós
12-Industrial
13-Jardim dos Estados
14-Maria Leite
15-Nossa Senhora de Fátima
16-Nova Corumbá
17-Popular Nova
18-Popular Velha
19-Previsul
20-Universitário
Distritos
Albuquerque
Amolar
Forte Coimbra
Nhecolândia
Paiaguás
Porto Esperança

Política
Corumbá conta com o terceiro maior colégio eleitoral do estado de Mato Grosso do Sul. Seu eleitorado total é de 63.241 (30.488 homens e 32.753 mulheres). Pertencente á Comarca de Corumbá, sua câmara municipal possui 11 vereadores.
Cultura e turismo
O Wikitravel tem um guia de viagens sobre Corumbá
Conserva prédios e casarios de influência européia, com suas histórias, costumes e tradições.
Áreas verdes
Eco Parque Cacimba da Saúde - Dispõe de um minadouro de água gelada e transparente.
Parque Marina Gataas - Considerada a maior área de lazer da cidade com 6 ha.
Praça ou Jardim da Independência - Considerada a praça mais tradicional da cidade. Possui um coreto.
Praça da República - Possui um obelisco feito em mármore que homenageia os heróis da guerra do Paraguai.
Praça Generoso Ponce - Dispõe de infra-estrutura para eventos.
Calendário para eventos
Data móvel - Carnaval
Fevereiro - Festa de Nossa Senhora da Candelária
Março - Jogos Internacionais de Aventura do Pantanal
Maio - Festa de Nossa Senhora de Auxilíadora; Festival América do Sul; Mostra Corumbá-Santuário Ecológico de Dança
Junho - Festa e banho de São João; Festa de Santo Antônio; Festa de São Pedro Pescador
Julho - Nossa Senhora do Carmo (em Forte Coimbra)
Setembro - Feira Agropecuária do Pantanal (FEAPAN); Aniversário de Corumbá
Outubro - Festival Pantanal das Águas
Dezembro - Concurso de presépio, árvores de natal e de fachadas; Festa de Iemanjá.
Gastronomia, bares e danceterias
Dispõe de cerca de vinte restaurantes e 10 bares.
Hospedagem
O número de hotéis em Corumbá é muito reduzido, totalizando cerca de 30 unidades. Motéis totalizam 5.
Monumentos
Casa Vasques & Filhos: foi construída em 1909 pelo arquiteto italiano Martino Santa Lucci e restaurado pelo Programa Monumenta em 2006. Abriga o Memorial do Homem Pantaneiro.
Casario do Porto Geral: no passado, quando era o terceiro maior porto da américa do sul, abrigava grandes empórios, 25 bancos internacionais, curtumes e a primeira fábrica de gelo do Brasil. Foi tombado em 1992 e reformado em 2005.
Edificação Comercial Wanderley, Baís & Cia: foi construído em 1876 e reformado em 2005 pelo projeto Monumenta.
Estação Ferroviária da Novoeste (antiga Noroeste do Brasil/N.O.B.)
Forte Coimbra: foi construído em 1775 para conter invasões estrangeiras.
Forte Fortaleza
Forte Junqueira: construído em 1871, logo após a guerra do Paraguai. Seu nome é uma homenagem ao ministro da guerra da época, José Oliveira Junqueira, que morreu em 1887. Possui 12 canhões, de 75mm cada, importados da indústria alemã Krupp, mas nunca foram usados. Possui paredes de calcário com meio metro de espessura. Atualmente está situado dentro do Quartel do 17° Batalhão de Fronteira, num penhasco sobre rochas.
Mirante São Felipe: Vista de toda a cidade e Ladário. Abriga o Cristo Rei do Pantanal.
Prédio Luis de Albuquerque: construído entre 1918 e 1922 pelo Dr. Miguel Carmo de Oliveira (engenheiro ) e por José Antônio Marinho(construtor), sempre foi destinado á educação. A partir de 1980 passou á administração estadual. Em 1984 passou a se chamar Casa de Cultura Luís de Albuquerque.
Ensino
A rede de ensino de Corumbá ainda é reduzido, contando com poucas unidades de ensino básico, médio e superior. Dispõe de 57 escolas de ensino básico, fundamental e médio (52 em zona urbana e cinco em zona rural). Dispõe também dos seguintes estabelecimentos:
Instituto de Ensino Superior do Pantanal-IESPAN
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)-Campus Pantanal: futuramente dará origem a Universidade Federal do Pantanal (UFP)
Habitação
O número de imóveis em Corumbá é de 27.504 unidades (IBGE 2000), entre residências e apartamentos.
Saúde
Seu sistema de saúde atende também a cidade de Ladário e a República da Bolívia, o que muitas vezes sobrecarrega as unidades de saúde que se localizam dentro de Corumbá.
Telecomunicações
O número de linha de telefone fixo é de aproximadamente 20 mil.
O numeros de celulares é de aproximadamente 50 mil.
Terrestre:
Rodovia: BR 262
Ônibus: terminal rodoviário
Ferrovia: terminal ferroviário da Novoeste
Fluvial: dispõe do Rio Paraguai e também do Porto de Corumbá/Ladário
Transporte urbano
Dispõe dos seguintes transportes urbanos:
Ônibus: dispõe de uma frota de 31 veículos (desse total, 7 tem compartimento para deficientes físicos) operados pela empresa Viação Canarinho, que transportam 6 mil passageiros por mês.
Táxis: distribui-se em sete pontos pela cidade.
Mototáxis: Totalizam cerca de 400 que atendem toda a zona urbana.


Esporte
Estádio
Estádio Artur Marinho: com capacidade para 10 mil lugares.
Ginásios
Centro Múltiplo Lucílio de Medeiros
Ginásio do Corumbaense Futebol Clube
Poliesportivo de Corumbá
Times de futebol
Corumbaense Futebol Clube
Pantanal Futebol Clube

Corumbaenses ilustres
Apolônio de Carvalho - militar comunista
Augusto César Proença - escritor
Delcídio Amaral - engenheiro, eletrecista e político
Elvécio Zequetto - árbitro de futebol
Mário Calábria - embaixador
Wega Nery - artista plástica

Capital do Pantanal


O Pantanal é um ecossistema com cerca de 230 mil km², situado no sul de Mato Grosso e no noroeste de Mato Grosso do Sul, ambos Estados do Brasil, além de também englobar o norte do Paraguai e leste da Bolívia (que é chamado de chaco boliviano), considerado pela UNESCO Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera.

O Pantanal matogrossense é uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta e está localizado no centro da América do Sul, na bacia hidrográfica do Alto Paraguai. Sua área é de 138.183 km², com 65% de seu território no estado de Mato Grosso do Sul e 35% no Mato Grosso. A região é uma planície aluvial influenciada por rios que drenam a bacia do Alto Paraguai, onde se desenvolve uma fauna e flora de rara beleza e abundância, influenciada por quatro grandes biomas: Amazônia, Cerrado, Chaco e Mata Atlântica. Pelas suas características e importância esta área foi reconhecida pela UNESCO, no ano 2000, como Reserva da Biosfera, por ser uma das mais exuberantes e diversificadas reservas naturais da Terra.

O rio Paraguai e seus afluentes percorrem o Pantanal, formando extensas áreas inundadas que servem de abrigo para muitos peixes, como o pintado, o dourado, o pacu, e também de animais, como os jacarés, as capivaras e ariranhas, entre outras espécies. Muitos animais ameaçados de extinção em outras partes do Brasil ainda possuem populações vigorosas na região pantaneira, como o cervo-do-pantanal, a capivara, o tuiuiú e o jacaré.

Devido a baixa declividade desta planície no sentido norte-sul e leste-oeste, a água que cai nas cabeceiras do rio Paraguai, chega a gastar quatro meses ou mais para atravessar todo o Pantanal. Os ecossistemas são caraterizados por cerrados e cerradões sem alagamento periódico, campos inundáveis e ambientes aquáticos, como lagoas de água doce ou salobra, rios, vazantes e corixos. O clima é quente e úmido, no verão, e frio e seco, no inverno. A maior parte dos solos do Pantanal são arenosos e suportam pastagens nativas utilizadas pelos herbívoros nativos e pelo gado bovino, introduzido pelos colonizadores da região. Preocupada com a conservação do Pantanal a Embrapa instalou, em 1975, em Corumbá, uma unidade de pesquisa para a região, com o objetivo de adaptar, desenvolver e transferir tecnologias para o uso sustentado dos seus recursos naturais. As pesquisas se iniciaram com a pecuária bovina, principal atividade econômica e, hoje, além da pecuária, abrange as mais diversas áreas, como recursos vegetais, pesqueiros, faunísticos e hídricos, climatologia, solos, avaliação dos impactos causados pelas atividades humanas e sócio-economia. O Pantanal é uma planície de aproximadamente 230 mil km², medida estimada pelos estudiosos que explicam que dificilmente pode ser estabelecido um cálculo exato de suas dimensões, por em vários pontos ser muito difícil estabelecer onde começa e onde termina o Pantanal e as regiões que o circundam, além de a cada fechamento de ciclo de estações de seca e de águas o Pantanal se modifica.

A porção brasileira é estimada em cerca de 150 mil km² (60% em Mato Grosso do Sul e 40% em Mato Grosso). Considerada uma das maiores planícies de sedimentação do planeta, o Pantanal estende-se pela Bolívia, Paraguai e Argentina, países em que recebe outras denominações, sendo Chaco a mais conhecida.

Em que pese o nome, há um reduzido número de áreas pantanosas na região pantaneira. Na verdade, é uma imensa planície, dividida em dez sub-regiões distintas no Brasil, chamadas de pantanais:

Cáceres, no noroeste;
Poconé, no norte;
Barão de Melgaço, no nordeste;
Paraguai, no oeste;
Paiaguás ou Taquari, no centro
Nhecolândia, também no centro;
Abobral, no centro-sul;
Aquidauana, no leste;
Miranda, no sudeste;
Nabileque, no sul.
Sua constituição, única no planeta, é resultado da separação do oceano há milhões de anos, formando o que se pode chamar de mar interior. A planície é levemente ondulada, pontilhada por raras elevações isoladas, geralmente chamadas de serras e morros, e rica em depressões rasas. Seus limites são marcados por variados sistemas de elevações como chapadas, serras e maciços, e é cortada por grande quantidade de rios dos mais variados portes, todos pertencentes à Bacia do Rio Paraguai — os principais são os rios Cuiabá, Piquiri, São Lourenço, Taquari, Aquidauana, Miranda e Apa. O Pantanal é circundado, do lado brasileiro (norte, leste e sudeste) por terrenos de altitude entre 600 e 700 metros; estende-se a oeste até os contrafortes da cordilheira dos Andes e se prolonga ao sul pelas planícies pampeanas centrais.

O Pantanal vive sob o desígnio das águas: ali, a chuva divide a vida em dois períodos bem distintos. Durante os meses da seca — de maio a outubro, aproximadamente — , a paisagem sofre mudanças radicais: no baixar das águas, são descoberto campos, bancos de areia, ilhas e os rios retomam seus leitos naturais, mas nem sempre seguindo o curso do período anterior. As águas escorrem pelas depressões do terreno, formando os corixos (canais que ligam as águas de baías, lagoas, alagados etc. com os rios próximos).

Nos campos extensos cobertos predominantemente por gramíneas e vegetação de cerrado, a água de superfície chega a escassear, restringindo-se aos rios perenes, com leito definido, a grandes lagoas próximas a esses rios, chamadas de baías, e a algumas lagoas menores e banhados em áreas mais baixas da planície. Em muitos locais, torna-se necessário recorrer a águas subterrâneas, do lençol freático ou aqüíferos, utilizando se bombas manuais e ou tocadas por moinhos de vento para garantir o fornecimento às moradias e bebedouros de animais domésticos.

As primeiras chuvas da estação caem sobre um solo seco e poroso e são facilmente absorvidas. De novembro a abril as chuvas caem torrenciais nas cabeceiras dos rios da Bacia do Paraguai, ao norte. Com o constante umedecimento da terra, a planície rapidamente se torna verde devido à rebrotação de inúmeras espécies resistentes à falta d'água dos meses precedentes. Esse grande aumento periódico da rede hídrica no Pantanal, a baixa declividade da planície e a dificuldade de escoamento das águas pelo alagamento do solo, são responsáveis por inundações nas áreas mais baixas, formando baías de centenas de quilômetros quadrados, o que confere à região um aspecto de imenso mar interior.

O aguaceiro eleva o nível das baías permanentes, cria outras, transborda os rios e alaga os campos no entorno, e morros isolados sobressaem como verdadeiras ilhas cobertas de vegetação — agrupamentos dessas ilhas são chamados de cordilheiras pelos pantaneiros — nas ilhas e cordilheiras os animais se refugiam à procura de abrigo contra a subida das águas.

Nessa época torna-se difícil viajar pelo Pantanal pois muitas estradas ficam alagadas e intransitáveis. O transporte de gente, animais e de mercadorias só pode ser feito no lombo de animais de carga e embarcações — muitas propriedades rurais e povoações (também conhecidas como corrutelas) localizadas em áreas baixas ficam isoladas dos centros de abastecimento e o acesso a elas, muitas vezes, só pode ser feito por barco ou avião.

Com a subida das águas, grande quantidade de matéria orgânica é carregada pela correnteza e transportada a distâncias consideráveis. Representados, principalmente, por massas de vegetação flutuante e marginal e por animais mortos na enchente, esses restos, durante a vazante, são depositados nas margens e praias dos rios, lagoas e banhados e, após rápida decomposição, passam a constituir o elemento fertilizador do solo, capaz de garantir a enorme diversidade de tipos vegetais lá existente.

Por entre a vegetação variada encontram-se inúmeras espécies de animais, adaptados a essa região de aspectos tão contraditórios. Essa imensa variedade de vida, traduzida em constante movimento de formas, cores e sons é um dos mais belos espetáculos da Terra. Por causa dessa alternância entre períodos secos e úmidos, a paisagem pantaneira nunca é a mesma, mudando todos os anos: leitos dos rios mudam seus traçados; as grandes baías alteram seus desenhos.

google

Google