O Globo
O “AEDES” ATACA
Cem dias, 79 mortos
Basta confirmação de mais 13 óbitos para bater letalidade da epidemia de 2002
Célia Costa
O Estado do Rio registrava ontem, no centésimo dia do ano, 75.399 casos de dengue e 79 mortes, sendo 46 na capital. Em uma semana, foram notificados 18.389 novos casos no estado. Na capital, foram mais 1.929 casos em um dia, totalizando 45.463. Outras 80 mortes estão sendo investigadas, 61 na capital. Se apenas 13 forem confirmadas, a dengue baterá o número de vítimas de 2002, quando a maior das epidemias provocou 288.245 casos e 91 óbitos no estado. Na capital, o índice de letalidade está o dobro da epidemia de 2002, quando foram contabilizados 140.408 casos com 65 mortes. As crianças em idade escolar são as maiores vítimas da doença: 36 com idade até 15 anos já morreram no estado. Ontem foi confirmada a morte de mais uma: Rafaela, de 6 anos, moradora de Senador Camará, morreu no Hospital Santa Cruz, em Niterói. A menina fora transferida para lá por falta de vagas em hospitais do Rio. A morte de um menino, também de 6 anos, no mesmo hospital, está sendo investigada. Ele morava em Realengo. No próximo dia 28, deve chegar ao Rio o médico cubano Eric Martinez Torres, consultor da Organização Panamericana de Saúde (Opas). Eric, que esteve na cidade durante a epidemia de 2002, vem mais uma vez a convite da Secretaria municipal de Saúde. Ele analisará a gravidade dos casos da doença, principalmente em crianças. Quando esteve no Rio em 2002, o médico alertou as autoridades locais sobre o fato de o vírus da dengue ficar mais agressivo depois de meses circulando e também para a possibilidade de a reintrodução do vírus 2 - o que está se confirmando agora - provocar o aumento dos casos da dengue hemorrágica. Militares entram na guerra ao 'Aedes' O Exército e a Marinha entraram esta semana na guerra contra o mosquito da dengue, coordenados pela Secretaria estadual de Saúde e com apoio da prefeitura. Ontem, no terceiro dia de ação de soldados e oficiais do Exército no combate a focos de Aedes aegypti, 4.700 residências foram visitadas em Realengo. Divididos em dez pelotões, 314 militares que integram a força-tarefa - batizada de FT Oswaldo Cruz - percorreram domicílios nas ruas próximas à Praça do Canhão, sempre acompanhados de agentes de saúde da Secretaria municipal de Saúde. Eles eliminaram 993 focos do mosquito e trataram 7.803 depósitos de água parada sem larvas. De acordo o relações-públicas do Exército, capitão Marcos Basílio, as equipes de militares não estão tendo dificuldades de entrar nas casas. Pelo contrário: muitos moradores estão procurando-as nas ruas e indicando locais onde há possíveis focos de ovos do mosquito. - A população a princípio ficou assustada, mas, depois, quando foi divulgado que iríamos atuar, eles passaram a colaborar - explica o capitão Marcos Basílio. Segundo o Comando Militar do Leste, as equipes vão trabalhar por 30 dias e a previsão é de que sejam vistoriadas 95 mil casas em outros cinco bairros além de Realengo: Deodoro, Vila Militar, Magalhães Bastos, Sulacap e Campos dos Afonsos. Desde segunda-feira, 12 mil imóveis já receberam a visita do Exército. Além da ação do Exército, cem homens da Marinha, entre marinheiros e fuzileiros navais, percorreram ontem os bairros Cocotá, Pitangueiras e Zumbi, na Ilha do Governador, para combater a proliferação do Aedes aegypti. Munidos de larvicida, telas para cobrir caixas d'água e panfletos informativos, os militares visitaram 654 imóveis. Foram eliminados 51 depósitos com larvas do mosquito e outros 1.711 focos em potencial foram tratados. A ação vai durar 30 dias. A Ilha do Governador foi escolhida por ser uma área de alta incidência de dengue. A região, que reúne 15 bairros, registra 1.477 casos da doença confirmados. A ação da Marinha começou anteontem. Os militares se dividem em dez grupos, cada um acompanhado por um agente de saúde da prefeitura. Apesar da epidemia, os agentes afirmam que ainda há quem negligencie possíveis focos. O marinheiro Vitor da Silva conta que numa casa havia duas caixas d'água cobertas por tampas de amianto onduladas. Ambas estavam repletas de larvas. - Cinco minutos depois de constatarmos o problema, o marido da dona da casa ligou para avisar que o filho deles está com dengue. Segundo o fuzileiro naval Fabiano Martinez, o larvicida dura no máximo 45 dias. Por isso, ele chama a atenção para a importância da prevenção feita pela própria população. Maria Eugênia Walenkamp é um bom exemplo. Moradora da Rua Pajuçara 503, ela afirma tomar todos os cuidados. Apesar da epidemia, foi a primeira vez que qualquer agente visitou sua casa, este ano, em busca de focos. Os militares não encontraram água acumulada, mas aplicaram larvicida nos ralos por prevenção. O trabalho da Marinha será feito sempre entre 9h e 16h. A idéia é percorrer pelo menos dois bairros por dia. Ontem, a Aeronáutica treinou cem oficiais na base aérea do Galeão. Hoje eles começam a atuar, também na Ilha. O esquema será o mesmo da Marinha: dez grupos, cada um acompanhado de um agente municipal de saúde. A Aeronáutica começará a atuar no bairro do Galeão. Os 1.600 bombeiros que estão atuando no combate à dengue vão receber gratificação mensal de R$500, conforme decreto publicado ontem no Diário Oficial do estado. Os recursos virão do Ministério da Saúde. Até o dia 4 passado, os bombeiros visitaram 123.722 imóveis e 113.592 depósitos. De cerca de 4.800 denúncias de focos, 2.300 foram confirmadas.
O “AEDES” ATACA
Cem dias, 79 mortos
Basta confirmação de mais 13 óbitos para bater letalidade da epidemia de 2002
Célia Costa
O Estado do Rio registrava ontem, no centésimo dia do ano, 75.399 casos de dengue e 79 mortes, sendo 46 na capital. Em uma semana, foram notificados 18.389 novos casos no estado. Na capital, foram mais 1.929 casos em um dia, totalizando 45.463. Outras 80 mortes estão sendo investigadas, 61 na capital. Se apenas 13 forem confirmadas, a dengue baterá o número de vítimas de 2002, quando a maior das epidemias provocou 288.245 casos e 91 óbitos no estado. Na capital, o índice de letalidade está o dobro da epidemia de 2002, quando foram contabilizados 140.408 casos com 65 mortes. As crianças em idade escolar são as maiores vítimas da doença: 36 com idade até 15 anos já morreram no estado. Ontem foi confirmada a morte de mais uma: Rafaela, de 6 anos, moradora de Senador Camará, morreu no Hospital Santa Cruz, em Niterói. A menina fora transferida para lá por falta de vagas em hospitais do Rio. A morte de um menino, também de 6 anos, no mesmo hospital, está sendo investigada. Ele morava em Realengo. No próximo dia 28, deve chegar ao Rio o médico cubano Eric Martinez Torres, consultor da Organização Panamericana de Saúde (Opas). Eric, que esteve na cidade durante a epidemia de 2002, vem mais uma vez a convite da Secretaria municipal de Saúde. Ele analisará a gravidade dos casos da doença, principalmente em crianças. Quando esteve no Rio em 2002, o médico alertou as autoridades locais sobre o fato de o vírus da dengue ficar mais agressivo depois de meses circulando e também para a possibilidade de a reintrodução do vírus 2 - o que está se confirmando agora - provocar o aumento dos casos da dengue hemorrágica. Militares entram na guerra ao 'Aedes' O Exército e a Marinha entraram esta semana na guerra contra o mosquito da dengue, coordenados pela Secretaria estadual de Saúde e com apoio da prefeitura. Ontem, no terceiro dia de ação de soldados e oficiais do Exército no combate a focos de Aedes aegypti, 4.700 residências foram visitadas em Realengo. Divididos em dez pelotões, 314 militares que integram a força-tarefa - batizada de FT Oswaldo Cruz - percorreram domicílios nas ruas próximas à Praça do Canhão, sempre acompanhados de agentes de saúde da Secretaria municipal de Saúde. Eles eliminaram 993 focos do mosquito e trataram 7.803 depósitos de água parada sem larvas. De acordo o relações-públicas do Exército, capitão Marcos Basílio, as equipes de militares não estão tendo dificuldades de entrar nas casas. Pelo contrário: muitos moradores estão procurando-as nas ruas e indicando locais onde há possíveis focos de ovos do mosquito. - A população a princípio ficou assustada, mas, depois, quando foi divulgado que iríamos atuar, eles passaram a colaborar - explica o capitão Marcos Basílio. Segundo o Comando Militar do Leste, as equipes vão trabalhar por 30 dias e a previsão é de que sejam vistoriadas 95 mil casas em outros cinco bairros além de Realengo: Deodoro, Vila Militar, Magalhães Bastos, Sulacap e Campos dos Afonsos. Desde segunda-feira, 12 mil imóveis já receberam a visita do Exército. Além da ação do Exército, cem homens da Marinha, entre marinheiros e fuzileiros navais, percorreram ontem os bairros Cocotá, Pitangueiras e Zumbi, na Ilha do Governador, para combater a proliferação do Aedes aegypti. Munidos de larvicida, telas para cobrir caixas d'água e panfletos informativos, os militares visitaram 654 imóveis. Foram eliminados 51 depósitos com larvas do mosquito e outros 1.711 focos em potencial foram tratados. A ação vai durar 30 dias. A Ilha do Governador foi escolhida por ser uma área de alta incidência de dengue. A região, que reúne 15 bairros, registra 1.477 casos da doença confirmados. A ação da Marinha começou anteontem. Os militares se dividem em dez grupos, cada um acompanhado por um agente de saúde da prefeitura. Apesar da epidemia, os agentes afirmam que ainda há quem negligencie possíveis focos. O marinheiro Vitor da Silva conta que numa casa havia duas caixas d'água cobertas por tampas de amianto onduladas. Ambas estavam repletas de larvas. - Cinco minutos depois de constatarmos o problema, o marido da dona da casa ligou para avisar que o filho deles está com dengue. Segundo o fuzileiro naval Fabiano Martinez, o larvicida dura no máximo 45 dias. Por isso, ele chama a atenção para a importância da prevenção feita pela própria população. Maria Eugênia Walenkamp é um bom exemplo. Moradora da Rua Pajuçara 503, ela afirma tomar todos os cuidados. Apesar da epidemia, foi a primeira vez que qualquer agente visitou sua casa, este ano, em busca de focos. Os militares não encontraram água acumulada, mas aplicaram larvicida nos ralos por prevenção. O trabalho da Marinha será feito sempre entre 9h e 16h. A idéia é percorrer pelo menos dois bairros por dia. Ontem, a Aeronáutica treinou cem oficiais na base aérea do Galeão. Hoje eles começam a atuar, também na Ilha. O esquema será o mesmo da Marinha: dez grupos, cada um acompanhado de um agente municipal de saúde. A Aeronáutica começará a atuar no bairro do Galeão. Os 1.600 bombeiros que estão atuando no combate à dengue vão receber gratificação mensal de R$500, conforme decreto publicado ontem no Diário Oficial do estado. Os recursos virão do Ministério da Saúde. Até o dia 4 passado, os bombeiros visitaram 123.722 imóveis e 113.592 depósitos. De cerca de 4.800 denúncias de focos, 2.300 foram confirmadas.
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