domingo, outubro 15, 2006


Na noite de sábado, 14 de outubro, o palco da 6ª Mostra Corumbá – Santuário Ecológico da Dança foi dedicado ao estilo contemporâneo. A Cia, de Dança Ginga, de Campo Grande, abriu as apresentações com a coreografia Desidrata. Os bailarinos da companhia, ainda contaram com a participação especial de Beatriz de Almeida, com a qual, apresentaram um trecho do espetáculo ‘Campo Grande Tem Ginga’, coreografado por Chico Neller. Na platéia, uma espectadora especial, a coreógrafa Deborah Colker, que antes de subir com a sua companhia, aproveitou para conhecer o trabalho desenvolvido em Mato Grosso do Sul.
A companhia carioca era a principal atração da noite e, assim que terminou a apresentação local, Deborah correu para o camarim, onde juntamente com 16 bailarinos ocupou as várias possibilidades de espaço no palco. Pesquisadora de movimentos, como mesmo se intitula, criou o espetáculo Velox em 1995, revolucionando o estilo contemporâneo ao ousar dançar na vertical com o auxílio de uma parede similar às usadas em alpinismo in-door.
Um trecho do espetáculo foi trazido para Corumbá que pôde entender porque Deborah entrou para a história da dança. Num primeiro momento, no plano horizontal, os bailarinos trouxeram gestos comuns do dia-a-dia com humor e dramaticidade, porém quando a cortina negra descerrou e evidenciou o paredão com cerca de 6 metros de altura, a platéia delirou, pois já sabia o que a aguardava.
A estrutura com vários pinos assemelhava-se a uma moldura onde, a cada movimento de corpo dos bailarinos, a pintura era recriada. Vigor, agilidade e sincronismo que, evidentemente, só podem ser alcançados ao custo de uma rotina rigorosa com duas horas de aulas de balé clássico sem contar os exercícios específicos para fortalecer a musculatura. Giros, semi-vôos, pêndulos foram as manobras mais ousadas. “Vimos todos vidrados, alguns com a boca aberta”, disse Deborah que confessou ter gostado da platéia corumbaense. “O público se comunicou com a gente. Acho que começamos um namoro sério com Corumbá”, afirmou.
A coreógrafa parabenizou os organizadores da Mostra e disse estar maravilhada com a cidade. “Pra mim foi inesperado. A nossa chegada no palco para o ensaio à tarde foi uma coisa absurda. A gente não sabia se gritava, não cabia dentro. Aqui é um lugar realmente extraordinário. A minha cabeça se complicou com esse lugar”, declarou.
“Eu tive a chance de sobrevoar e vi a pintura, um horizonte de vastidão. É uma sensação de liberdade impossível, de lugar enorme e, ao mesmo tempo, é tão grande que aperta; eu gosto de sensações paradoxais”, disse ao referendar seu encanto pela cidade. “Não sinto aqui uma coisa bucólica, mas sim uma coisa ambiciosa, um desafio, algo estranho e bonito. Eu tenho a impressão que se eu tivesse que ficar aqui no Pantanal não ia ser possível por causa da minha intensidade e a desse lugar”, falou ao dizer que também observou a arquitetura local. “Tem construções coloniais de 1800 e 1900. Fiquei muito feliz pelo pouco de arquitetura que vi por aqui”.

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